Antes havia a Lua. Não a lua do céu, mas a gatinha chamada Lua. Um dia ela
foi embora. Depois que a Lua partiu, Karina,a gatinha amarela, Filó, a gatinha
branca e Gigi, a gatinha marrom, subiram no telhado e de lá
avistaram outros telhados. Subiram nos galhos das árvores e
viram outros galhos. Do muro do quintal, viram outros
quintais.
Miadona preparava a comida e deixava leite fresco. Karina nunca
entendia porque os gatos dos vizinhos, chamavam Miadona de Suadona. Mas para
ela , a mulher que dava colo e um prato cheio de comida, era mesmo
Miadona. Aquilo devia ser o que chamam Mãe. Ela não se lembrava se já
tivera uma mãe, então Miadona era a sua mãe.
Mas quando a Lua pulou o muro e nunca mais voltou,
a mãe ficou triste. Deixou a costura de lado, olhou pro céu, suspirou
e disse:
-Acho que virou estrelinha.
Aquilo devia ser saudade.
Naquela noite, Karina, Gigi e Filó subiram pela primeira vez no telhado da casa e olharam a rua. Com certeza era a rua, pois a mulher sempre dizia ao menino:
- Cuidado com os carros na rua.
Elas olharam em volta e sentiram cheiro de gato por toda parte, mas Miadona não entendia , para ela passeio de gato
era uma tragédia, um caminho sem volta. Hum... Coisas de mãe.
Do telhado elas viram os gatos de rua. Eram gatos de todas as
tribos e eles faziam muito barulho. Olharam pra baixo e Miadona dormia na
rede. Karina deu três passos pra trás e saltou. As outras olharam
assustadas a gata amarela mergulhar no escuro da noite.
.
Passaram-se os dias e Karina não voltou.
Miadona, passou a fechar todas as janelas da casa com as duas gatinhas dentro.
Mas, como nem tudo que é ruim dura pra sempre. Um dia, a mulher descuidou de
vigiar portas e janelas, então elas também mergulharam no rio fresco da
noite. Estavam na rua, estavam livres.
Havia dias de sol e noites de chuva. Os cães enfurecidos, os meninos que jogavam pedras. Passaram-se muitos céus estrelados até elas encontrarem a gatinha amarela, deitada na calçada. Estava magra e triste. Todas tinham sede, e o frio entrava por dentro do pelo. O inverno cantava fino e a barriga doía fome. Lembraram-se da mãe e do colo quentinho. Lembraram-se do prato de leite e como a rua, vista do telhado, era só uma desconhecida. Então... elas tinham pressa.
Havia dias de sol e noites de chuva. Os cães enfurecidos, os meninos que jogavam pedras. Passaram-se muitos céus estrelados até elas encontrarem a gatinha amarela, deitada na calçada. Estava magra e triste. Todas tinham sede, e o frio entrava por dentro do pelo. O inverno cantava fino e a barriga doía fome. Lembraram-se da mãe e do colo quentinho. Lembraram-se do prato de leite e como a rua, vista do telhado, era só uma desconhecida. Então... elas tinham pressa.
O melhor de ser um gato é saber voltar . Elas encostavam a cabeça na calçada da rua, cheiravam e iam... iam... iam... até encontrar o muro da casa.
Havia um felino desconhecido no muro e ele disse:
- Aqui não mora Suadona, esta casa é de Miadona.
- Pois é, nós sabemos disso, disseram e olharam a rede. Uma mulher estranha dormia lá.
- Vocês demoraram, Suadona se mudou.
Gigi , Karina e Filó subiram na parte mais alta da casa e olharam o céu.
Anoitecia, e elas viram a Lua. Não a lua branca e redonda, mas a gatinha,
que agora era a estrelinha Lua, e ela piscou três vezes. Elas olharam no céu as milhares de estrelas menores que miavam ao
mesmo tempo.
Decidiram ir em frente. Um gato sempre sabe voltar. Sempre encontra
sua dona. Desculpem, Miadona.
Luisa Ataide
Luisa Ataide
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