Lembro-me de ter uns cinco anos e não dominar as letras, mas havia meninos ao meu redor e eles aguardavam as histórias, os olhos atentos. Eu não tinha como retirá-las dos livros. Eu fingia encontrar as letras e passava o dedo sobre as linhas. Assim eu inventava histórias.
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domingo, 1 de setembro de 2024
UM LIVRO DE FAZ DE CONTAS
Vovô Calvin e Vó Luísa mandaram pelo Correio uma Caixa Colorida.
Rasga papel, pedra, tesoura, lá dentro tinha de tudo. Duas bonecas de pano, um piano e violão.
Bichinhos pra tomar banho e pra Maitê pequenina tinha até um Babador.
Mas lá no fundo da caixa, quietinho, fingindo dormir - Um Livro de Faz de Conta. Pra sonhar e colorir.
Faz de conta que neste Natal estamos todos juntinhos. Um abraço apertado e no nariz um cheirinho.
Nada de boca coberta, nada de não dar as mãos.
Faz de conta que podemos armar a Árvore na sala, tomar sorvete na praça, regar as plantas no jardim.
Faz de conta que a Vovó escreve histórias bonitas de princesa e caldeirão.
Vovô afina a viola e toca uma nova canção.
- Maitê! Maitê! Maitê! Maitê! Maitê! Maitê! Maitê!
Mas se isso for só sonho, retire a Estrela do livro que ela vai nos visitar.
Do outro lado da cidade, vamos esperá-la chegar. Combinamos a mesma hora que vamos olhar para o céu.
Alice e Maitê de um lado, Vovô e Vovó lá do outro, no meio canções de Natal.
Faz de conta que todos os meninos da Terra ganharam muitos presentes.
Que ninguém está triste, nem ninguém ficou doente.
Que tudo num passe de mágica, com uma picadinha no braço está nos fazendo mais fortes.
Faz de conta que esta história só queria nos ensinar que cuidemos um do outro e tudo volta ao seu lugar.
(A todos avós e netos separados por um vírus malvadinho)
(Luisa Ataide, primeiro texto às netas)
DO LIVRO - PARA LER E BRINCAR, EDitora Delicatta, dezembro/2022
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